domingo, 29 de maio de 2011

antiguidade


Antiguidade
(PETER STOCKMEIER | / JOHANNES B. BAUER)
Introdução
A história da Igreja remonta a Jesus de Nazaré,
que, por obras e palavras, conduziu os homens à fé
e à comunhão na profissão de fé. Cada um dos
autores dos evangelhos do Novo Testamento deu
testemunho sobre Jesus com uma independência
que a ninguém passa despercebida; mas, apesar das
diferenças nos detalhes, todos supõem Jesus como
base de sua fé e, assim, como fundador da Igreja.
Essa fé dos discípulos não separou a figura de Jesus
da história de Israel; nesta via-se antes a chave para
se compreender sua missão. Com isso a fé em Jesus
de Nazaré ganhou alcance universal e qualidade eclesial,
acima da esfera individual. Para a Igreja primitiva,
demonstrar conexão entre Israel e Jesus
significou uma tarefa fundamental, pela qual delineou
seu próprio lugar na história. A essa situação,
única na história, acrescentou-se logo um duro conflito
entre os fiéis e o ambiente religioso. Ao mesmo
tempo a fé, uma vez proclamada, exigia uma maior
clarificação de seu próprio conteúdo; mas isso levou
a uma ruptura da unidade cristã.
A história dos primeiros séculos de cristianismo
costuma ser resumida sob o conceito cronológico
de Antiguidade, o qual, como na historiografia
geral, abrange a época entre a origem da Igreja,
com Jesus de Nazaré, até a chamada Idade Média.
Essa divisão baseia-se nos primórdios da história
da Igreja, mas refere-se igualmente ao decurso paralelo
e simultâneo da história tardia do Império
Romano, iniciada com o Principado — com raízes
nas tradições da República—, por obra de Augusto
(27 a.C.-14 d.C.). A última fase da época greco-romana
muitas vezes é caracterizada como Antiguidade
tardia, cujo início é relacionado com a concentração
de direitos imperiais à custa do Senado, tal
como, após algumas tentativas preparatórias, tomou
fornia sob Diocleciano (284-305). Enquanto o reinado
de Augusto deu início a um período de paz no
Império Romano, elogiado por Virgílio como "era
“dourada”, no discurso sobre a "Antiguidade tardia"
percebem-se tons de declínio e mesmo de decadência,
avaliação que na historiografia eclesiástica muitas
vezes é posta, rotineiramente, em contraste com
a ascensão do cristianismo.
Sob o imperador Augusto o domínio romano
Já se havia alargado, de fato, além das terras do Mediterrâneo, aplainando o caminho para o intercâmbio das culturas. No Norte, depois do fracasso definitivo
das incursões nas terras livres dos germanos,
a ocupação do promontório dos Alpes até o Danúbio
no ano 15 a.C. e a erecão do limes na beira do Reno
fixaram a fronteira do império. Do lado oriental, a
conquista da Armênia e, sobretudo, o acordo com os
partos (20 a.C.) criaram uma estabilidade política pelo
menos provisória. Com o avanço de Roma no Egito
completou-se um grande império, que se estendia
da Brítânia até ao Saara, do Atlântico até o Eufrates.
Esse gigantesco espaço geopolítico era considerado
"a terra habitada", a oikumene (orbis terrarum).
submissa ao domínio de Roma pela vontade dos deuses.
O Novo Testamento informa: o Evangelho devia
ser anunciado na oikumene inteira: um ideal de uníversalismo
que está também na base da doutrina original
sobre a catolicidade da Igreja. O centro político
desse Estado dos Muitos Povos era Roma, que os
cristãos inicialmente criticaram por causa do seu esplendor,
chamando-a de "Babilônia" (IPd 5,13). para
mais tarde, mudada a situação, aderirem aos louvores
desta cidade como caput mundi.
Apesar da paz garantida, o acréscimo do bemestar
no Império Romano não beneficiava de maneira
igual a todas as camadas da população, muito embora
a escravidão no tempo dos imperadores estivesse
perdendo algo de sua importância econômica.
Os problemas comerciais e as despesas com o militarismo
agravaram cada vez mais as desigualdades
de uma sociedade já acentuadamente dividida em
classes. A vida cultural, com os teatros abertos até
para amplos setores da população, deitava raízes, de
um lado. nas tradições jurídicas da cultura romana,
de outro, nos movimentos espirituais do helenismo,
que desde Alexandre Magno (336-323) havia erguido,
como norma universal, a arte e a filosofia da
Grécia. No domínio da religião, cujas práticas cultuais,
segundo a convicção dos romanos, garantiam
a grandeza e o poder do império, o fato de o
imperador Augusto assumir o título e as tarefas de
ponrifex maximus levou a função política e social
do cabo à sua valorização suprema; o surgimento do
cubo ao soberano concentrou essa religiosidade no
próprio imperador, enquanto seu formalismo deu
asas ás supertiçoes e favoreceu a penetração dos
"cultos de mistérios", vindos do Oriente.
Nesse mundo político, espiritual e religioso
deu-se a pregação do Evangelho, a qual, entretanto,
mesmo nessa época já ultrapassara os limites dos
domínios romanos. Para o cristianismo primitivo,
porém, o contato com a poderosa atividade do império
foi marcante, ainda mais porque, apesar do
colapso do Oeste (476 d.C.), a idéia do império
mostrou-se um fator histórico determinante, além
da época da Antiguidade.

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